
Nas últimas semanas vimos nosso cuidado com a saúde redobrar. Por conta da pandemia do novo coronavírus, passamos a sair de casa somente quando necessário e adotamos novos hábitos de higiene e distanciamento social. Em tempos de isolamento, estamos vendo menos a luz solar, o que pode aumentar a carência de vitamina D. Mas o que isso implica na sua saúde?
Conhecida também como vitamina do sol, ela desempenha um importante papel na absorção de cálcio e fósforo pelo intestino, sendo reconhecida como uma das substâncias essenciais para o fortalecimento dos ossos e a prevenção de doenças como o raquitismo na infância e a osteoporose. Mas seus benefícios vão muito além disso.
Estudos recentes têm apontado uma forte relação entre a vitamina D baixa com a ocorrência de doenças crônicas (como diabetes, esclerose múltipla, alguns tipos de câncer, problemas cardiovasculares e depressão) e até mesmo doenças infecciosas (como tuberculose e viroses).
Vitamina D - o que é e como obter
A vitamina D é um hormônio esteroide lipossolúvel que se desenvolve em nosso organismo somente com a exposição ao sol, pois os raios ultravioletas do tipo B (UVB) são capazes de ativar a síntese desta substância. Responsável pelo controle de 270 genes, inclusive células do sistema cardiovascular, a falta de vitamina D pode ocasionar uma série de complicações.
Apesar de o sol ser essencial para a absorção da substância, não é preciso exagerar. Dez a 30 minutos diários de exposição, sem protetor solar, já é suficiente. Atividades simples, como caminhadas e prática de exercícios ao ar livre, antes das 10h ou após às 16h, já fornecem a quantidade diária necessária que o organismo precisa.
A deficiência de vitamina D acaba sendo uma das consequências do isolamento social, já que nem sempre nos lembramos de tomar sol todos os dias. Nesse caso, a alimentação se torna uma aliada para ajudar a manter os níveis dessa vitamina equilibrados. A substância pode ser ser encontrada nos peixes de água salgada (como sardinha e salmão), carne bovina, leite, ovos, manteiga, castanhas e nozes, feijão, couve e espinafre.
No entanto, mesmo para quem consome grandes quantidades destes alimentos, a melhor forma de se evitar a deficiência de vitamina D continua sendo a exposição ao sol, que corresponde a cerca de 80% a 90% da síntese dessa substância no ser humano. A quantidade do nutriente que será produzida é proporcional à quantidade de pele exposta ao sol. Caso a exposição diária não seja possível, ela deve ser feita pelo menos duas vezes por semana, nas pernas e nos braços.
A falta de vitamina D pode estar relacionada à depressão
Como esse nutriente é importante para a função cerebral, pesquisadores acreditam que a deficiência de vitamina D pode desempenhar um papel no humor e em outras doenças mentais. Psiquiatras do UT Southwestern Medical Center, nos Estados Unidos, encontraram ligação entre baixos níveis de vitamina D e depressão.
Os pesquisadores examinaram os resultados de quase 12.600 participantes, e depois de cruzarem os dados, descobriram que níveis mais elevados de vitamina D estavam associados a um declínio significativo do risco de depressão, em especial entre pessoas que já possuíam um histórico da doença.
Mesmo que os sintomas de depressão estejam relacionados à baixa de vitamina D, recomenda-se que a pessoa procure orientação psicológica e psiquiátrica. Pois, além de aumentar a ingestão alimentar, exposição ao sol e/ou suplementar essa vitamina, pessoas depressivas também devem tomar medidas para aliviar os sintomas da doença.
A vitamina D e o sistema imunológico
Sendo necessária para a manutenção do tecido ósseo, a vitamina D também influencia consideravelmente no sistema imunológico, atuando no tratamento de doenças autoimunes. Elas ocorrem quando nossas defesas atacam e destroem os tecidos saudáveis do corpo por engano. A vitamina D é um imunoregulador que inibe seletivamente o tipo de resposta imunológica que provoca a reação contra o próprio organismo.
O tratamento de doenças autoimunes com vitamina D é algo recente, mas é visto por especialistas como um grande avanço da medicina. Algumas das doenças autoimunes que podem ser tratadas com altas doses de vitamina D são: esclerose múltipla, artrite reumatoide e problemas oftalmológicos.
Importante nutriente para as gestantes
Você sabia que a falta de vitamina D pode levar a abortos no primeiro trimestre? Em casos de abortos múltiplos no início da gravidez, pode ser que o sistema imunológico da mãe esteja rejeitando a implantação do embrião. Como a vitamina D age nesse sistema, é possível corrigir este problema.
Mas esta não é a única razão para as grávidas estarem com os níveis deste nutriente em dia. No final da gravidez, a carência da vitamina do sol também favorece à pré-eclâmpsia, doença na qual a gestante desenvolve a hipertensão, além de aumentar as chances de autismo na criança.
Pesquisadores também comprovaram que, quando a mulher ingere a vitamina D, os riscos do bebê desenvolver problemas respiratórios diminuem, prevenindo também doenças como diabetes gestacional, infecções e o parto prematuro.
Benefícios da vitamina do sol no controle do peso
Além de promover o metabolismo da gordura, este nutriente inibe o crescimento das células adiposas e aumenta a quantidade de leptina, hormônio que envia sinais de saciedade ao cérebro, auxiliando no controle do apetite. A vitamina D também ativa a força dos músculos, facilitando a redução do excesso de gordura no tecido muscular.
E quanto aos idosos?
Devido a questões metabólicas relacionadas à idade, os idosos produzem menos vitamina D em resposta à exposição solar. Para se ter uma ideia, o volume produzido por uma pessoa de 70 anos é cerca de quatro vezes menor do que uma pessoa de 20 anos produz. A deficiência deste nutriente é mais preocupante no caso de idosos institucionalizados. Uma pesquisa feita em 2004 em São Paulo demonstrou que 92% dos idosos institucionalizados avaliados tinham valores insuficientes de vitamina D, enquanto 85% dos que moravam em domicílio apresentaram o problema.
Tendo tamanha importância para a saúde do nosso corpo, a vitamina D merece uma atenção especial nesses dias de isolamento social. Para as pessoas com mais de 60 anos, vale à pena fazer exames para verificar o nível do nutriente no organismo. A reposição só deve ser feita através de orientação médica.