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Setembro Amarelo: Oeste Saúde promove live sobre prevenção ao suicídio

07 Outubro 2020
Setembro Amarelo: Oeste Saúde promove live sobre prevenção ao suicídio | Oeste Saúde - Planos de Saúde

No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10/09), a Oeste Saúde promoveu uma live com profissionais da área sobre o tema, falando da campanha conhecida como Setembro Amarelo. Conduzida pela enfermeira Raquel Toledo, atuante na área de promoção e prevenção da saúde, o bate-papo contou com a participação da psiquiatra Dra. Michelle Medeiros, da psicóloga Zilda Rodrigues e da terapeuta ocupacional Patrícia Xavier.

A enfermeira Raquel iniciou a conversa trazendo importantes dados sobre o problema que atinge pessoas de diferentes idades e classes sociais. “São registrados 12 mil suicídios no Brasil e quase 1 milhão no mundo anualmente. Uma pessoa se mata a cada 40 segundo. Seis a dez pessoas são diretamente impactadas a cada suicídio, sofrendo sérias consequências emocionais. Uma triste realidade que aumenta todos os anos, especialmente nos jovens.”  

Segundo Raquel, as campanhas de conscientização desempenham um importante papel na redução dos casos de suicídios. “Durante muito tempo o assunto foi um tabu. Mas graças às campanhas de conscientização, essa barreira foi derrubada, e informações relacionadas ao tema passaram a ser mais compartilhadas, possibilitando que as pessoas tenham recursos e acesso a prevenção.”

Na maioria dos casos, pessoas que tentam tirar a própria vida sofrem algum tipo de transtorno mental ou já tiveram uma tentativa prévia de suicídio. “Saber quais as principais causas e formas de ajudar é o primeiro passo para reduzir os dados. Por isso estamos aqui, pra tentar mudar essa realidade, dando acesso a todas as pessoas a essas informações”, diz a enfermeira. 

 

Quais as doenças mentais importantes na questão do suicídio?

A Dra. Michelle Medeiros explicou que 96% dos casos estão vinculados a uma doença mental, como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar, abuso de álcool e outras drogas. Segundo a psiquiatra, 6 a 8% da população pode ter ao menos um episódio depressivo durante a vida. Mas a depressão tende a ser uma doença crônica e recorrente. 

“Tristeza, desânimo, perda ou aumento do sono, diminuição ou aumento de apetite, sentimentos de menos valia, achar que a vida não faz mais sentido, momentos de irritação e desânimo são alguns dos sintomas de depressão. Nos casos mais evoluídos, a pessoa tem pensamentos frequentes e recorrentes de morte, e de cometer suicídio, achando que a vida não faz mais sentido.  Quando ele começa a pensar nisso, ele quer acabar com a dor que está sentindo.”

O transtorno afetivo bipolar é outra doença relacionada ao suicídio, provocando oscilações de humor. “Nossa função é estabilizar a doença, para proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente”, diz a psiquiatra.

O abuso de álcool e de outras drogas pode provocar um ato de impulsividade, assim como o transtorno de personalidade. Por isso, é necessário ter atenção para esses casos.  

“Nosso papel enquanto profissional é disseminar informação para que um número maior de pessoas tenham acesso a tratamento, buscando diminuir ao máximo a taxa de suicídio. Quando identificamos um possível caso, é preciso chamar a família e explicar sobre os riscos. Orientamos que o paciente nunca fique sozinho, caso tenha acesso a armas de fogo, armas brancas ou medicamentos.”

Ainda segundo a Dra. Michelle, quando ocorre a tentativa, é necessário que o paciente seja levado para um serviço de emergência psiquiátrica, para que seja acompanhado por um profissional de saúde mental. “O objetivo é reduzir o risco imediato, ter uma vigilância 24h, investigar o que pode ter desencadeado a tentativa e um posterior acompanhamento para que isso não ocorra mais”, diz a médica.

 

É preciso falar sobre prevenção ao suicídio

Na opinião da psicóloga Zilda, o diálogo salva vidas. “Falar sobre pensamentos e desejos suicidas é um modo efetivo de prevenção. Anteriormente, tinha-se uma concepção de que não deveríamos falar sobre o assunto porque isso poderia despertar nas pessoas esse desejo. Hoje a visão é totalmente o contrário. Quanto mais nós dermos a possibilidade para que essas pessoas possam expressar seus pensamentos e sentimentos a respeito das suas emoções, estamos ajudando-as para que elas não realizem os atos, ou que possam ser socorridas.”

 

Quem são as pessoas mais pré-dispostas ao suicídio?

De acordo com a psicóloga, a pandemia da Covid-19 está gerando uma enorme onda de problemas psicológicos. “Estudos indicam que os mais jovens apresentam mais pensamentos suicidas, principalmente agora com a pandemia, devido ao isolamento social. Eles estão cada vez mais frequentando o mundo virtual e deixando de frequentar o mundo real. Isso contribui muito para o surgimento de doenças mentais, ansiedade e depressão.” 

Os jovens e adolescentes apresentam uma extrema vulnerabilidade. Passar horas trancados dentro dos quartos, nas redes sociais, sem receber a devida atenção da família, faz com que esses jovens percam um pouco o contato com a realidade, ou entrem em um mundo que não existe. “Se analisarmos o Instagram ou Facebook, veremos pessoas bonitas, bem sucedidas e alegres. Os corpos são esculturais, as comidas são maravilhosas, as casa lindas, as famílias perfeitas. Isso vai ressaltando nos jovens, principalmente os mais vulneráveis, um sentimento de inadequação, rebaixamento de autoestima e fragilidade psicológica.” 

Outro grupo de risco são as mulheres jovens, dos 18 aos 35 anos. “Elas enfrentam uma demanda da nossa sociedade pós-moderna que são várias coisas. Uma competitividade, ideal de beleza, de relacionamento, pressão para o consumo, sentimento de solidão, relacionamentos abusivos. Existe uma gama de sofrimentos onde essas mulheres são submetidas”, afirma Zilda.

Os idosos são outra faixa etária preocupante. Para a psicóloga, “a nossa sociedade, por ser consumista e capitalista, valoriza muito a produção. Então quando o idoso sai do campo de trabalho, que muitas vezes era a única referência que ele tinha, faz com que ele se sinta inútil. E muitas vezes a família não entende isso, não quer ouvir suas memórias.”

Segund Zilda, os homens apresentam mais risco de suicídio porque possuem um nível de tolerância ao estresse menor que o das mulheres. “As estereotipias de gênero fazem com que o homem não procure a ajuda. Eles são criados na nossa sociedade para não falar dos seus problemas emocionais ou expressar seus sentimentos. E muitas vezes eles vão lidando com aquilo sozinhos, e aí vão entrando em um quadro depressivo onde não conseguem pedir socorro.” 

Também existem casos em que doenças não psiquiátricas acabam impactando na saúde mental. É o caso dos cânceres, do HIV ou das doenças autoimunes, por exemplo. “Essas doenças, por si só, não levam ninguém a tentar o suicídio. Porém, pessoas que têm muita dificuldade de dar aderência ao tratamento, ou dificuldade de lidar com as limitações dessas patologias, podem vir a tentar o suicídio, principalmente se elas apresentam sequelas, ou tem que fazer muitas alterações em seu modo de vida”, diz a psicóloga.

Os fatores familiares também precisam ser avaliados. “Costumamos perguntar nas entrevistas se há histórico de suicídio na família, porque sabemos que existe uma possibilidade um pouco maior nesses casos. Um estudo de 2020 diz que cerca de 40 genes têm uma participação importante na questão do suicídio. Portanto, não é apenas uma questão apenas psicológica; também temos fatores genéticos.”

Não podemos nos esquecer das classes sociais menos favorecidas. Os mais pobres são os mais atingidos pelas questões econômicas, sociais e psicológicas. São pessoas que não conseguem acessar as redes de saúde ou ter uma condição de vida que propicia acesso aos bens de prazer, como viajar e comer bem. Elas têm que lutar em seu cotidiano para a sobrevivência física, e muitas vezes, não encontram em nenhum lugar um espaço para estar falando das suas condições psicológicas.

 

Como prevenir o suicídio?

A pergunta mais importante que devemos responder é: como prevenir o suicídio? A prevenção não se limita apenas às redes de saúde. “Além de campanha Setembro Amarelo, existem medidas em diversos âmbitos na sociedade que podem colaborar com a diminuição das taxas de suicídios. Para promover a qualidade de vida, precisamos incentivar aos espaços de promoção de saúde na comunidade, como os grupos de autoajuda, a participação em comunidades, nas igrejas, dentro das escolas, associações, e ONGs”, diz a enfermeira Raquel.

De acordo com a terapeuta ocupacional Patrícia, não existe uma receita pronta para trabalhar com esses pacientes. “Precisamos aprender a escutar e a sentir, quais são os sintomas e zonas de perigo. É importante traçar uma rotina para crianças e adolescentes, sempre acompanhados. Tem coisas simples que eles podem estar fazendo, no seu cotidiano, incluindo família, como atividades de lazer, artesanato, culinária ou atividades físicas. Ninguém pode viver numa redoma.”

O comportamento suicida envolve mecanismos inconscientes e psicodinâmicos. Temos 4 aspectos muito importantes a serem observados: as doenças mentais, armadilhas psicossociais (perda de emprego, dívida, luto), pouca resiliência, ou passar por um tipo de abuso ou desamparo. “O tamanho da dor não é o mesmo para todos. Algumas pessoas são muito vulneráveis a certas dores psíquicas, o que pode ser diminuído por outras pessoas. Então muitas vezes elas usam o suicídio como uma forma de comunicação”, diz a psicóloga Zilda.

Além do controle do acesso aos métodos suicidas, podemos citar outros fatores protetores, como:
- Boa organização familiar (pessoas apoiadoras), em um ambiente confortável, amável e seguro;
- Uso controlado das redes sociais;
- Ter contato com grupos religiosos, amigos, praticar atividades físicas em turmas e em locais abertos;
- Ser importante para alguém e ter com quem contar. 

 

Como pedir ajuda?

Pedir ajuda, é um ato corajoso. Caso você não tenha acesso a uma rede privada de saúde, começa buscando auxílio em locais comuns, como a escola, na família ou CVV. O Centro de Valorização da Vida é uma rede voluntária de prevenção que atua há mais de 60 anos. Basta ligar no número 188 e falar com um atendente. “Esse ombro amigo numa hora de desespero pode fazer muita diferença. O CVV está preparado para ouvir e respeitar o momento de cada pessoa. Se você conhece alguém predisponente ou que já tentou o suicídio alguma vez, passe esse número para ela”, diz Raquel.

A Oeste Saúde também conta com uma rede de profissionais capacitados para atender as pessoas que estão passando por alguma dificuldade de saúde mental nesse momento de pandemia ou em qualquer outro. “Temos o Centro Médico de Especialidades Oeste Saúde com psiquiatras, psicólogos, clínicos gerais, médicos especializados nas áreas específicas, especialmente sobre prevenção. Basta entrar no site da operadora e entrar em contato”, finaliza Raquel. 

 

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